quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Como meditar...

É possível obter total descanso numa posição sentada e, por conseguinte atingir maior profundidade na meditação assim dissolver preocupações e problemas que bloqueiam sua mente.



Eu sei que (...) há muitos que podem sentar na posição de lótus completo, o pé esquerdo apoiado sobre a coxa direita e o pé direito apoiado sobre a coxa esquerda. Outros podem sentar em meio lótus, o pé esquerdo apoiado sobre a coxa direita ou o pé direito sobre a coxa esquerda. Na nossa aula de meditação, em Paris há pessoas que não conseguem sentar em nenhuma dessas posições e por isso ensino-lhes a maneira japonesa, ou seja, com os joelhos dobrados e o tronco apoiado sobre ambas as pernas. Pondo alguma espécie de acolchoado sob os pés, a pessoa pode facilmente permanecer nessa posição por hora ou hora e meia.



Mas na verdade qualquer pessoa pode aprender a sentar em meio lótus, ainda que no início possa causar alguma dor. Gradualmente, após algumas semanas de treino, a posição se tornará confortável. No início, enquanto a dor ainda causar muito desconforto, a pessoa, deve alterar a posição das pernas ou a posição de sentar. Para as posturas de lótus completo e meio lótus convém sentar-se sobre uma almofada, de forma a que os dois joelhos se apóiem contra o chão. Os três pontos de apoio dessa posição proporcionam uma grande estabilidade.



Mantenha as costas eretas. Isso é muito importante. O pescoço e a cabeça devem ficar em alinhamento com a coluna. A postura deve ser reta mas não rígida. Mantenha os olhos semi-abertos, focalizados a uns dois metros à sua frente. Mantenha leve sorriso. Agora comece a seguir sua respiração e a relaxar todos os músculos. Concentre-se em manter sua coluna ereta e em seguir sua respiração. Solte-se quanto a tudo mais. Abandone-se inteiramente. Se quiser relaxar os músculos de seu rosto, contraídos pelas preocupações, medo e tristeza, deixe um leve sorriso aflorar em sua face. Quando o leve sorriso surge, todos os músculos faciais começam a relaxar. Quanto mais tempo o leve sorriso for mantido, melhor. É o mesmo sorriso que você vê na face de Buda.



À altura do ventre, pose sua mão esquerda com a palma voltada para cima sobre a palma da mão direita. Solte todos os músculos dos dedos, braços e pernas. Solte-se todo como as plantas aquáticas que flutuam na corrente, enquanto sob a superfície das águas o leito do rio permanece imóvel. Não se prenda a nada a não ser à respiração e ao leve sorriso.



Para os principiantes, convém não ficar sentado além de vinte ou trinta minutos. Durante esse tempo você tem que ser capaz de obter descanso total. A técnica para tal obtenção reside em duas coisas: observar e soltar, observar a respiração e soltar tudo mais. Solte cada músculo de seu corpo. Após uns quinze minutos, uma serenidade profunda poderá ser alcançada, enchendo-o interiormente de paz e contentamento. Mantenha-se nessa quietude.



Algumas pessoas encaram a meditação como uma labuta, desejando que o tempo passe rápido a fim de descansarem depois. Essas pessoas não aprenderam ainda o que é meditar. Se você sentar de forma correta, é possível encontrar total relaxamento e paz, exatamente nessa posição. Geralmente sugiro a essas pessoas que meditem tendo em mente a imagem de um seixo atirado ao rio.



Como usar a imagem do seixo? Sente-se na posição em que melhor se sentir, lótus completo ou meio lótus, com a coluna reta e leve sorriso nos lábios. Respire devagar e profundamente, acompanhando cada respiração, unificando-se com ela. Desligue-se de tudo. Imagine que você é um seixo atirado no rio. O seixo afunda na água, sem nenhum esforço. Desapegado de qualquer coisa, ele lentamente afunda pela mais curta distância, para atingir finalmente o fundo do rio, o ponto de descanso perfeito. Você, praticamente, é como o seixo que, desligando-se de tudo, deixou-se cair no rio. No centro de seu ser está sua respiração. Você não precisa saber quanto tempo leva até que possa alcançar o ponto do perfeito repouso, o leito de areia no fundo das águas.



Quando você se sentir como o seixo que atingiu o fundo do rio, você terá alcançado o ponto em que encontrará seu perfeito repouso. Você não estará mais sendo empurrado ou puxado por nada. Se você não conseguir encontrar paz e contentamento nesses momentos em que está sentado, então o futuro lhe escapará como um rio que passa, você não poderá fazê-lo voltar atrás, e será incapaz de viver o futuro quando ele tiver se transformado em presente. Toda a paz e contentamento possíveis são esses que surgem ao sentar-se. Se você não consegue encontrá-los aí, não os encontrará em nenhum outro lugar. Não persiga seus pensamentos como a sombra que segue seu objeto. Não corra atrás de seus pensamentos. Não adie, seja capaz de encontrar paz e contentamento nesse exato momento em que está sentado.



Esse é o seu tempo, esse lugar em que está senta é o seu lugar. É nesse exato lugar, nesse exato momento, que você pode se tomar um Buda e não sob uma árvore especial em algum longínquo país.



O conforto que lhe proporciona o sentar-se depende de sua assiduidade na prática de manter a mente alerta na sua vida diária. Depende também se você senta ou não de acordo com as instruções. Uma hora de meditação por noite deveria ser organizada em cada comunidade. E às pessoas de fora, que quisessem participar, deveria ser dado o direito de sentarem também.



Alguém poderá perguntar: é então o relaxamento o único objetivo da meditação? Na verdade a meditação vai muito mais além. O relaxamento, entretanto, é necessário como ponto de partida, já que só após obtê-lo é que a pessoa consegue tranqüilizar o coração e clarear a mente. Ter o coração tranqüilo e a mente clara já é avançar bastante no caminho da meditação. Não devemos nos esquecer de que alertar a mente para a respiração é um método maravilhoso que pode ser usado sempre e não apenas no início da prática.



-Thich Nhat Hanh

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A mais pura verdade!!!


Perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem os seres humanos. Ele respondeu:

"A Política, sem princípios;

o Prazer, sem compromisso;

a Riqueza, sem trabalho;

a Sabedoria, sem caráter;

os Negócios, sem moral;

a Ciência, sem humanidade;

a Oração, sem caridade."

E continuou:

"A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis​​, se eu sou amável; que as pessoas são tristes, se estou triste; que todos me querem, se eu os quero; que todos são ruins, se eu os odeio; que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio; que há faces amargas, se eu sou amargo; que o mundo está feliz, se eu estou feliz; que as pessoas ficam com raiva quando eu estou com raiva; que as pessoas são gratas, se eu sou grato. A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho, ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim."

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ifigênia em Áulis + Agamenon no Teatro Renascença




Ifigênia em Áulis+Agamenon

Temporada: 03 de junho a 03 de julho de 2011

Sextas e sábados, 21 horas; domingos, 20h

Ingressos: R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia entrada)

Bilheterias abertas, três horas antes do início das sessões

Estacionamento no local

Preços especiais para professores e estudantes, a combinar (fone 9372.3912, com Fernando Zugno)

Todas as sextas, após o espetáculo, haverá debate com convidados da SPPA (Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre)




Elenco (em ordem alfabética):

Carlos Cunha Filho, Carolina Ramos, Cláudia Lewis, Clovis Massa, Eduardo Steinmetz, Fabrizio Gorziza,Fernanda Petit, Ida Celina, Juliano Canal, Laura Backes, Letícia Balle, Luciana Éboli, Luisa Herter, Lurdes Eloy, Marcello Crawshaw, Marcelo Adams, Maria Teresa Montoya, Mauro Soares, Rosângela Batistella, Taís Mattos, Thales de Oliveira, Vika Schabbach

Adaptação / texto final: Luciano Alabarse - Direção: Luciano Alabarse - Cenário: Sylvia Moreira - Figurinos: Rô Cortinhas - Iluminação/Op: João Fraga - Pinturas e Adereços: Adalberto Almeida - Trilha Sonora / Pesquisa Repertório: Luciano Alabarse - Op de som: Margarida Peixoto - Divulgação: Bebê Baumgarten - Fotos: Lutti Pereira - Produção Executiva: Miguel Arcanjo Coronel, Fernando Zugno e Willy Boelter Jr. - Coordenação de Produção: Luciano Alabarse - Preparação Vocal Coro: Laura Backes

quinta-feira, 26 de maio de 2011

"SEXTA FEIRA DAS PAIXÕES" Noite histórica para o teatro gaúcho

Em homenagem aos 50 anos de carreira do professor, escritor, tradutor e dramaturgo Ivo Bender, que segue até 29 de maio no Centro Municipal de Cultura. Na noite do dia 25 de maio Luiz Paulo Vasconcellos reuniu o elenco original de "Sexta Feira das Paixões", espetáculo que teve sua estreia em 1975.

Direção: Luiz Paulo Vasconcellos
Elenco: Araci Esteves, Graça Nunes, Irene Brietzke e Sandra Dani










    Graça Nunes, Ivo Bender, Araci Esteves, Sandra Dani, Luiz Paulo e Irene Brietzke

    Zé Adão, Sandra Dani e João Carlos Castanha

    Denise Barella e Araci Esteves

    Graça Nunes e Ida Celina

    Zé Adão e Ivo Bender

    Sandra Dani, Luciana Éboli e Ivo Bender

    Zé Adão e Luciana Éboli

    Ivo Bender

sexta-feira, 11 de março de 2011

Palavras de OSHO

Caráter

Uma pessoa de alma não tem caráter. Uma pessoa é uma abertura. Amanhã... quem sabe quem você será? Mesmo você não pode dizer quem você será, porque você ainda não conheceu o amanhã e o que ele trará. Assim, as pessoas que são realmente alertas nunca prometem coisa alguma, pois como você pode prometer? Você não pode dizer a alguém: "Amarei você amanhã também", pois, quem sabe?
A percepção real lhe trará tamanha humildade que você dirá: "Nada posso dizer sobre o amanhã. Veremos, deixe que o amanhã venha. Espero que eu ainda ame você, mas nada é certo." Essa é a beleza.

Se você tiver caráter, poderá ser muito claro, mas, quando você vive em liberdade, isso pode ser muito confuso para você e também para os outros. Mas essa confusão tem uma beleza em si, porque ela é viva, ela está sempre vibrando com novas possibilidades.

Osho, em "Osho Todos os Dias - 365 Meditações Diárias"




Um homem de verdade não tem caráter

Quando você tem um caráter, tem um tipo de neurose. O caráter significa que algo tornou-se fixo em você. O caráter significa o seu passado. O caráter significa condicionamento, cultivação.

Quando você tem um caráter, você fica preso nele, não tem mais liberdade. Quando você tem um caráter, você tem uma armadura ao seu redor. Não é mais uma pessoa livre. Está carregando sua prisão ao seu redor; é uma prisão muito sutil. O homem de verdade não tem caráter.
O que eu quero dizer quando digo que ele não tem caráter? Ficará livre de seu passado. Agirá de acordo com o momento. Será espontâneo; somente ele poderá ser espontâneo. Ele não procurará nas lembranças o que fazer.
Uma situação surge e você fica procurando na memória — então, você tem um caráter E então você pergunta ao seu passado: "O que eu deveria fazer?". Quando você não tem um caráter, simplesmente analisa a situação e a situação decide o que deve ser feito. Então ela se torna espontânea e há resposta, e não reação.

Osho, em "Entregue-se ao Amor"

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

“Conhecendo a Melhor Maneira de Viver Sozinho”

O Buda ensinou: “Eu vou ensiná-los o que eu quero dizer por ‘conhecer a melhor maneira de viver sozinho’.                                                                                 

Não persiga o passado

Não se perca no futuro

O passado não mais existe

O futuro ainda não veio.

Olhando em profundidade para a vida como é

Neste exato aqui e agora,

O praticante habita

Na estabilidade e liberdade.

Precisamos ser diligentes hoje.

Esperar até amanhã pode ser tarde demais.

A morte vem inesperadamente.

Como podemos barganhar com ela?

Um sábio chama uma pessoa que sabe

Como morar na plena atenção

Dia e noite

“Aquele que sabe

A melhor maneira de viver sozinho.”

(Do sutra sobre a Melhor Maneira de Viver Sozinho)

O gatha “Conhecendo a Melhor Maneira de Viver Sozinho” começa com a linha: “Não persiga o passado”. “Perseguir o passado” significa se lamentar pelo que já veio e se foi. Lamentamos a perda de coisas bonitas do passado que não mais encontramos no presente. O Buda comentou essa linha como se segue: “Quando a pessoa pensa em como seu corpo era no passado, como seus sentimentos eram no passado, como suas percepções eram no passado, como suas formações mentais eram no passado, como sua consciência era no passado, quando ele pensa assim dando surgimento a uma mente que é escravizada nestas coisas que pertencem ao passado, então a pessoa está perseguindo o passado.”

O Buda ensinou que não deveríamos perseguir o passado “porque o passado não existe mais”. Quando estamos perdidos em pensamentos sobre o passado, perdemos o presente. A vida existe somente no momento presente. Perder o presente é perder a vida. O que o Buda quis dizer é muito claro: nós devemos dizer adeus ao passado de forma que possamos retornar ao presente. Retornar ao presente é ficar em contato com a vida.

Que dinâmica na nossa consciência nos compele a regressar e viver com as imagens do passado? Estas forças são feitas das formações internas (sânscrito”samyojana), formações mentais que surgem em nós e nos limitam. As coisas que vemos, ouvimos, cheiramos, tocamos, imaginamos ou pensamos podem todas dar surgimento a formações internas – desejo, irritação, raiva, confusão, medo, ansiedade, suspeita e assim por diante. Formações internas estão presentes nas profundezas da consciência de cada um de nós.

Formações internas influenciam nossa consciência e nosso comportamento diário. Elas nos impelem a pensar, dizer e fazer coisas das quais nem estamos conscientes. Como elas nos compelem desta maneira, são chamadas de correntes, porque nos limitam a agir de determinados modos.

Os comentários usualmente mencionam nove tipos de formações internas: desejo, ódio, orgulho, ignorância, visões teimosas, apego, dúvida, ciúme e egoísmo. Entre estes, a formação interna fundamental é a ignorância, a falta de clareza de visão. A ignorância é a matéria-prima a partir da qual as outras formações internas são feitas. Embora haja nove formações internas, como o “desejo” é sempre listado primeiro, é comumente usado para representar todas as formações internas. No Kaccana – Bhaddekaratta, o monge Kaccana explica:

Meus amigos, o que significa habitar no passado? Uma pessoa pode pensar, “no passado meus olhos eram desse modo e a forma (com a qual meus olhos entraram em contato) era daquele jeito”. Pensando assim ele fica limitado pelo desejo. Ao ficar limitado pelo desejo há um sentimento de saudade. Este sentimento de saudade o mantém habitando no passado.

O comentário de Kaccana poderia nos fazer pensar que a única formação interna segurando a pessoa no passado é o desejo. Mas quando Kaccana se refere ao “desejo”, ele está o usando para representar todas as formações internas – ódio, dúvida, ciúme e assim por diante. Todas estas nos amarram e nos seguram no passado.

Às vezes apenas temos que ouvir o nome de alguém que nos enganou no passado e nossas formações internas desta época automaticamente nos levam de volta ao passado e revivemos o sofrimento. O passado é a casa de memórias tanto dolorosas como felizes. Ficar absorvido no passado é uma maneira de estar morto no momento presente. Não é fácil deixar ir o passado e retornar a viver no presente. Ao tentarmos fazer isto, temos que resistir à força das formações internas em nós. Temos que aprender a transformar nossas formações internas de forma que sejamos livres para estarmos atentos ao momento presente.

O presente contém o passado. Quando entendermos como nossas formações internas causam conflitos em nós, poderemos ver como o passado está no momento presente, e não mais seremos subjugados pelo passado. Quando o Buda disse “Não persiga o passado” ele estava nos dizendo para não sermos subjugados pelo passado. Ele não quis dizer que deveríamos parar de olhar para o passado de forma a observá-lo em profundidade.

Quando revemos o passado e o observamos profundamente, se estivermos firmemente ancorados no presente, não seremos subjugados por ele. Os materiais do passado que constroem o presente se tornam claros quando se expressam no presente. Podemos aprender com eles. Se observarmos estes materiais em profundidade, podemos chegar a um novo entendimento sobre eles. Isto é chamado de “olhar novamente para algo antigo de forma a aprender algo novo”.

Se soubermos que o passado também está localizado no presente, entenderemos que somos capazes de mudar o passado ao transformar o presente. Os fantasmas do passado que nos seguem no presente, também pertencem ao momento presente. Observá-los em profundidade, reconhecer sua natureza e transformá-los, é transformar o passado. Os fantasmas do passado são muito reais. Eles são as formações internas em nós que às vezes estão quietas, dormindo, enquanto que outras vezes acordam de repente e agem de forma forte.

No budismo há um termo sânscrito anushaya. “Anu” significa “junto com”. “Shaya” significa “deitado”. Poderíamos traduzir anushaya como “tendência latente”. As formações internas continuam a estar conosco, mas elas estão dormindo nas profundezas de nossa consciência. Chamamo-nas de fantasmas, mas elas estão presentes de uma maneira muito real. De acordo com a escola de budismo Vijñanavada, anushaya são as sementes que dormem na consciência armazenadora de todos. Uma parte importante do trabalho da meditação é ser capaz de reconhecer as anushaya quando elas se manifestam, observá-las em profundidade e transformá-las.